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24 de Novembro de 2015
O professor de História e Sociologia, do Centro Universitário UnirG, Paulo Henrique Costa Mattos, representou a Instituição na VIII Reunião Científica do Trabalho Escravo Contemporâneo e Questões Correlatas, realizada de 16 a 20 de novembro, no Rio de Janeiro/RJ. O evento foi organizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa do Trabalho Escravo Contemporâneo (GEPTEC) e o Núcleo de Estudo de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza Almeida da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ).
Mattos apresentou o estudo A neoescravidão e a reprimarização da economia: as novas faces do Brasil dependente. “Procurei demonstrar que no Brasil o trabalho escravo contemporâneo não é apenas uma metáfora fácil para evidenciar a superexploração da força de trabalho, mas um componente fundamental da economia brasileira, que vem aprofundando a ocorrência simultânea de aspectos avançados e atrasados no processo econômico”, disse o professor.
Para o professor o trabalho escravo como expressão do trabalho indecente é praticado contra brasileiros marginalizados, “sem opção de emprego, renda, qualidade de vida e direitos sociais, marcados pela vontade de consumo, inserção social, sobrevivência, desejo de um emprego ‘fichado’, onde possam receber salários capazes de reverter os problemas da falta de qualidade de vida, amenizar as condições de pobreza e dificuldades socioeconômicas”.
De acordo com Mattos o contexto da crise econômica do país está fazendo os setores políticos conservadores avancem sobre os direitos dos trabalhadores com pautas que representam verdadeiros retrocessos, inclusive sobre direitos relativos às mulheres, negros, índios e movimentos sociais. “Nesse sentido, debater o tema trabalho escravo é fundamentalmente a agenda futura da defesa dos trabalhadores, dos direitos humanos e o próprio papel da Universidade na compreensão dessa realidade, na luta pelos direitos e pela melhoria das políticas públicas e alternativas para o país”, frisou ele.
Conforme o professor, “os escravos contemporâneos são reféns de um modelo econômico que prioriza o crescimento econômico (sem alcançá-lo e em crise!) em detrimento do desenvolvimento integral da sociedade brasileira”. E ele enfatiza ainda que “Nesse sentido, esses novos escravos são escravos da precisão, da carência de dignidade humana, da justiça social, do respeito à legislação trabalhista, de políticas públicas que realmente mude a sua qualidade de vida, de qualificação profissional que permita terem renda suficiente para a família e não ficarem totalmente dependentes de maus patrões”.
“O estudo do trabalho escravo atual é um ato de resistência e de compreensão do retrocesso político e das atrocidades que vem sendo cometidas contra pessoas socialmente fragilizadas no campo e nas cidades”, definiu Mattos.
O professor faz um relato da aceitação desse tipo de trabalho pela sobrevivência. “Os escravos da precisão aceitam qualquer tipo de trabalho, quase sempre como uma condição para não morrer de fome, não sofrer a vergonha de ver os filhos passarem por todo tipo de necessidades e ser dominado pelo sentimento de total impotência ou injustiça”, destacou ele.
Sobre o evento
O evento contou com apresentação de diversas pesquisas científicas de pesquisadores de mais de 14 estados brasileiros e de países como Espanha, Estados Unidos e Itália e contou com diversos representantes.
Na Reunião Científica foram realizadas 16 mesas de apresentação de trabalhos científicos sobre Trabalho Escravo Contemporâneo e diversas discussões e informes de Ações Públicas do Ministério do Trabalho Emprego e Renda, Operações do Ministério Público do Trabalho e Procuradoria Federal do Trabalho.
Paulo Mattos finalizou mencionando que “o capitalismo financeirizado e globalizado no Brasil está conduzindo o trabalho assalariado para uma crescente presença do trabalho escravo e impondo o desafio da mudança social, de construção da justiça social, da luta pelos direitos humanos e construção de um novo projeto para o país.
Fotos: divulgação