UnirG 40 anos: Para Josi, relembrar o pai é vasculhar a história de Gurupi

Aquele dia de agosto amanheceu sereno, em Gurupi. A menina de 10 anos de idade levantou animada, acompanhada pelos cinco irmãos mais novos. Ao caminhar pelos cômodos da casa, ela percebeu o calendário na parede, apontava o ano de 1972. O café já estava posto em uma mesa enorme na cozinha. A figura do pai, ativo e preocupado com as questões da comunidade, marcava aquele ambiente e também a memória daquela garota. Hoje, às vésperas do Dia dos Pais, Josi Nunes relembra Jacinto Nunes com orgulho e saudade.

Quando o pai de Josi se mudou com a família para Gurupi, ela, que nasceu em Porto Nacional, já tinha um ano de idade. Na época, a cidade era pequena, com menos de 20 mil habitantes. Muita gente se conhecia, e todos identificavam o ‘seu’ Jacinto por sua pró-atividade.

“Lembro do meu pai recebendo as pessoas em nossa casa, na rua 7. Era uma residência grande, com uma garagem enorme por onde as pessoas passavam e se dirigiam a uma varanda espaçosa nos fundos do lote, onde também ficava a cozinha. Ali, nós sentávamos à mesa e fazíamos todas as refeições, sempre acompanhados por pessoas da comunidade”, descreveu Josi.

Com um sorriso, ela acrescentou: “Recebíamos muitas pessoas da zona rural que vinham à cidade resolver problemas e ficavam em nossa casa”.

O pai piloto e político

Josi Nunes  detalhou o pai piloto: “Ele serviu na Aeronáutica e depois montou uma empresa de táxi aéreo, chegando a ter até seis aeronaves. O que eu mais gostava de fazer era acompanhar meu pai e minha mãe, Dolores, nas visitas aos povoados, à zona rural, ao Trevo da Praia e aos então distritos de Aliança, Crixás e Cariri. Foi muito importante conviver com tudo aquilo, conhecer as pessoas e ter a casa sempre cheia na infância”, relembrou Josi.

“Muitas vezes, nessas nossas viagens, encontrávamos pessoas doentes que precisavam se deslocar para outro lugar, como Goiânia, por exemplo, e meu pai, como piloto, pegava o avião e levava as pessoas onde precisavam ser tratadas”, relatou, com orgulho do pai.

Uma lembrança que ela trouxe com muita saudade foi o momento em que o pai reunia a família e levava todos para sobrevoar rios da região. “Quando ele pegava os seis filhos e nossa mãe e nos levava para um passeio aéreo, admirando as paisagens da região, era um momento mágico e de muita diversão. Aquele momento era nosso, e nós o vivíamos com muita intensidade e alegria”, lembrou, com brilho nos olhos.

Ainda emocionada, Josi continuou: “Meus pais nasceram em Natividade/TO, e todos os anos, desde a nossa infância, eles nos levavam para participar dos festejos do Senhor do Bonfim. Quando estávamos chegando lá, ele sobrevoava o rio bem baixinho. Era uma alegria, ele sempre fazia isso, e nós ficávamos muito felizes”.

A Faculdade no Norte Goiano

“Uma preocupação do meu pai era que os filhos pudessem estudar e fazer curso superior. Foi por isso que ele criou a Fafich, que hoje é a UnirG, porque queria que as famílias daqui e da região não precisassem interromper os estudos ou se deslocar para Goiânia ou outras localidades para estudar”, disse Josi.

Ela destacou que o desejo do pai era que Gurupi se desenvolvesse, tivesse indústrias. O grande sonho dele, que ela menciona com entusiasmo, foi: “Trazer uma faculdade para o norte goiano”.

Josi Nunes hoje é prefeita de Gurupi, em seu segundo mandato consecutivo. Com ela, o legado político dos pais continua vivo e forte.

“Hoje, sinto-me orgulhosa por ser a continuidade do meu pai. Mas, no começo, isso era um peso muito grande, pois as pessoas começavam a perguntar se eu conseguiria ser igual a ele. Afinal, ele é considerado um dos melhores prefeitos que essa cidade já teve. Fiquei apreensiva ao assumir a gestão em um período de crise, pandemia e muitos problemas, mas me inspirei muito nele e na minha mãe”, destacou.

“Aprender a gerir, dizer não quando precisa, mas sempre acolher. Presenciei esses dois lados dele, e, aos poucos, fomos plantando e agora estamos colhendo. É um orgulho muito grande poder dar continuidade a essa história, que começou com eles e que eu estou levando adiante”, afirmou Josi.

A filha relembra que, mesmo na memória, os pais continuam vivos. “Muitos dos projetos que estamos realizando atualmente são inspirados nos trabalhos deles, que vi lá atrás. Meu pai fez muito, mas não conseguiu realizar tudo o que pretendia. Ele batalhou para que Gurupi fosse uma cidade de referência, e tudo o que ele vislumbrou está se concretizando hoje”.

Neste ano, em que a Universidade de Gurupi – UnirG comemora quatro décadas de criação, o Dia dos Pais é celebrado com as lembranças de Jacinto Nunes, o grande idealizador e criador da Instituição. A Universidade também parabeniza todos os pais.

Luciene Marques - Ascom/UnirG

Fotos: Haylma Jayne e Arquivo Secom/Gurupi