“Mulheres ainda são silenciadas. Elas querem ter voz”, diz pesquisadora da UnirG

Ao investigar o empoderamento entre as mulheres rurais nos últimos cinco anos na região sul do Tocantins, a egressa e professora da Universidade de Gurupi – UnirG, Drª Cláudia da Luz Carvelli, observou que o caminho a ser percorrido ainda é longo. “A luta pelo empoderamento é secular, mas a mulher rural precisa de cuidados e de amparo”, diz Cláudia.

Ao estudar o acesso à política pública de crédito rural Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) para as mulheres rurais, Carvelli identificou que, apesar da existência das políticas direcionadas a esse público, o acesso a ela ainda é deficitário. Dos 139 municípios no Tocantins, em apenas 12 deles, mulheres conseguiram o acesso ao crédito.

Em 2023, Cláudia defendeu a tese de Doutorado (Des)empoderamento das mulheres rurais do Estado do Tocantins a partir do acesso à Política Pública de Crédito Rural Pronaf, pela Universidade Federal do Tocantins (UFT).

“Durante a pesquisa ficou evidente que elas não têm formação e suporte para acessar o crédito. As políticas são pensadas no âmbito dos escritórios dos Ministérios, mas sem considerar a realidade e os gargalos que elas enfrentam nos seus locais de origem. O espaço delas não está sendo defendido de fato”, explica.  

Para contribuir com as mulheres rurais na região de Gurupi, a professora integra um grupo de pesquisadores da UnirG que está desenvolvendo o projeto “Empoderando Mulheres Rurais: acesso a crédito na Comunidade Vale Verde, Tocantins” (edital PROPESQ UNIRG/FAPT. nº 005/2023).

“Tomamos conhecimento que elas necessitam de suporte jurídico, pedagógico, e em outras áreas, o que é fundamental para que as mulheres tenham condições de acessar as políticas públicas, como o crédito, e assim melhorar a realidade em que vivem. As mulheres querem crescer, querem diversificar a produção no local, desejam ter autonomia e nosso papel, como membros da Universidade, é contribuir para que isso seja uma realidade no cotidiano dessas mulheres. Elas querem ter voz”, complementou a professora.

Trajetória

Cláudia da Luz Carvelli veio de Santana do Araguaia (PA) para ingressar no curso de Ciências Contábeis na UnirG. “Conclui o curso em 2002, e considero que sou uma pessoa empoderada. Meus pais não tiveram a oportunidade de estudar, mas me incentivaram e deram condições para que pudesse me graduar e seguir na carreira acadêmica. Atualmente tenho um filho que também estuda na UnirG. Sei que muitos não tiveram a mesma oportunidade, seja pela falta de apoio ou até mesmo de informação. Sinto o dever de também dar a mão para outras pessoas, especialmente as mulheres rurais, para que elas possam conquistar o que tanto almejam”, falou Carvelli.

A professora incentivou ainda as mulheres, para que busquem ter voz. “Sou muito grata a UnirG. Tenho orgulho de ser uma mulher egressa dessa casa e de levar a mensagem para que outras mulheres também podem ir além do que imaginam”, finalizou.

Redação: Meiry Bezerra

Edição: Giselli Raffi

Foto: arquivo pessoal