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18 de Maio de 2021
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial, 18 de maio, é uma data que resgata a trajetória de mobilizações sociais que, desde o final da década de 70, buscaram o fim dos hospitais psiquiátricos, em prol de um modelo humanizado de cuidados em saúde mental no Brasil
O combate ao estigma envolvendo pessoas em sofrimento psíquico é uma das bandeiras dos profissionais de saúde mental. A coordenadora de estágio do curso de Psicologia da Universidade de Gurupi – UnirG, Drª Ellen Fernanda Klinger, explica a importância dessa discussão e as barreiras que ainda precisam ser superadas na sociedade brasileira.
Muitas pessoas com transtornos mentais ainda são alvos de preconceito. Saúde mental ainda é um tema distante?
Se formos analisar, nos atuais parâmetros dos transtornos mentais encontram-se muitos quadros frequentes, como a depressão, que muitas pessoas já apresentaram ou irão apresentar em algum momento da vida. É preciso desvincular a imagem que se tem da saúde como negação da doença, pois o conceito é muito mais amplo e abrange outras esferas da vida, como a física, mental e social.
De que forma acontecimentos, como a pandemia da Covid-19, afetam a saúde mental das pessoas?
Especialmente neste momento delicado, diante das restrições nas medidas de cuidados com a saúde física - que também são muito importantes - precisamos voltar nossa atenção para os meios e ações de proporcionar melhores condições de inclusão social das pessoas com transtornos mentais.
Devemos pensar em meios de propagar a saúde mental pois, além do adoecimento pelo vírus, uma realidade temerosa pesa sobre as consequências do isolamento social, manifestações ou agravamento de transtornos.
Quais seriam os principais estigmas ou preconceitos enfrentados pelas pessoas com transtorno mental?
Os principais estigmas surgem da falta de conhecimento, desinformação e preconceito acerca dos transtornos mentais, gerando exclusão social.
De que forma a sociedade em geral pode auxiliar essas pessoas?
Antes de qualquer pré-concepção, é necessária a busca pela informação. O estigma e a exclusão das pessoas com transtorno mental tendem a dificultar a adesão aos tratamentos e a própria aceitação do indivíduo com relação ao seu quadro psíquico. Veja a pessoa com transtorno como alguém em sofrimento e, se possível, escute o que ela tem a dizer e incentive essa pessoa a buscar ajuda profissional.
No Dia Nacional da Luta Antimanicomial, quais questões merecem reflexão na sociedade?
É preciso entender a importância de buscarmos estabelecer parâmetros de vida mais saudáveis. Somos um somatório de predisposições genéticas, clínicas, e também das nossas ações e a forma como vivemos. A estabilidade mental e sua intensa relação com o bem-estar é fundamental.
Que avanços já ocorreram em relação ao cuidado em saúde mental e quais os desafios que ainda existem?
Nesses mais de 30 anos que marcam o crescimento do movimento da Luta Antimanicomial no Brasil, podemos citar avanços significativos como a implementação de políticas públicas de direitos ao indivíduo com transtorno mental. A criação de espaços terapêuticos e de convivência para quem tem transtorno mental e familiares, tratamentos menos invasivos, busca e inserção no mercado de trabalho, a constante desrotulação do sofrimento psíquico como loucura e, portanto, sinônimo de encarceramento
Diminuir o estigma e incentivar a busca de tratamento precoce é um dos principais desafios encontrados. Somado a tais questões, um desafio atual é a prevenção e melhora dos hábitos de vida, pois sabemos que um fator também preocupante é o aumento dos números de pessoas acometidas por ansiedade e depressão, vícios em álcool, drogas, jogos e a dependência da internet.
Durante o mês de maio, o curso de Psicologia da Unversidade de Gurupi realiza diversas ações para levar conhecimento e acolhimento, visando o fim do preconceito sobre o sofrimento psíquico. São atividades voltadas a públicos específicos e para a comunidade em geral. Para ver a programação acesse unirg.edu.br/psicologia (link "eventos").
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Redação: Meiry Bezerra